quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

“E se fosse comigo”

Em meio à comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, evidenciado em Conceição do Coité/BA pela realização da Iª Semana Negra do Território do Sisal, organizado pelo Revolution Reggae, dentre outros movimentos sociais, é necessário falar de um tema bastante discutido, a intolerância. Comportamentos que praticamos e repetimos na maioria das vezes sem nenhuma reflexão.

Intolerância racial, religiosa, econômica, política, de gênero, entre tantos outros comportamentos que demonstram a falta de respeito às diferenças, queremos que os outros sejam iguais a nós e pensem da forma que achamos correto. Somos uma sociedade preconceituosa, temos preconceito contra ricos, pobres, nordestinos, pessoas muito inteligentes, quem estuda muito ou quem é analfabeto, não é a toa que ouvimos expressões como “nerdes”, “universitariozinho”, ou “só quem fica rico é ladrão ou político” dentre outras.

Muitos falam que o preconceito é direcionado as minorias, no entanto me pergunto: se fosse assim era para existir preconceito direcionado a população negra, ou pobre do nosso país? Não, já que as nossas desigualdades sociais ainda são grandes e o Brasil tem a maior população negra do mundo ficando apenas atrás da Nigéria.

O que faz alguém achar que cor de pele é sinal de inferioridade, ou ao ouvir comentários sobre uma adolescente abusada sexualmente dizer: “ela mereceu, pois seus comportamentos não eram dignos”. Será que é a falta de humanidade, de amor ao próximo ou simplesmente pela impossibilidade nossa de se colocar no lugar do outro? Esses são apenas alguns dos muitos exemplos que ouvimos diariamente e que refletem dentre outras coisas a falta de reflexão diante de nossos comportamentos preconceituosos.

Precisamos, já que a dor do outro não nos causa sofrimento, pelo menos trazer a dor para mais próximo de nós e pensar “e se fosse comigo” ou com um parente nosso? Vamos nos dá a oportunidade de conviver com o diferente, de exercitar a nossa tolerância, experimentar novos relacionamentos.
Esse tema é bastante complexo, como vimos temos preconceito a muitas coisas e as vezes nem percebemos. Na maioria das vezes não damos chance de nos abrirmos ao novo, ao desconhecido, ao outro que é diferente embora semelhante, que é fruto do meio e ao mesmo tempo é único. Não vamos falar de amor ao próximo, respeito às diferenças somente no final de ano, vamos exercitar esses comportamentos a cada dia, conhecendo e trabalhando nossos preconceitos, nossas limitações, lembrando sempre que às vezes quando estou falando mal de “fulana” estou dizendo mais de mim do que de “fulana”, apesar desse reconhecimento não ser fácil.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Quando a Tristeza Preocupa

“Em recente estudo promovido pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde sobre o impacto da depressão, ficaram evidentes seus efeitos devastadores, sendo considerada a quarta maior causa de incapacitação do mundo.”

Fonte: Revista Psique - Ciência e Vida, ano I n° 3.


Quando a Tristeza Preocupa

Muitos fingem que ela não existe, outros acham que é um problema que atinge apenas ricos e pessoas desocupadas, mas ao contrário do que prega o senso comum, a pessoa com depressão não deve ter seus sintomas menosprezados.
Estudos recentes indicam que 15% da população será vítima de pelo menos um episódio depressivo, e cada vez mais cedo: 9% dos adolescentes podem apresentar um episódio depressivo severo antes dos 14 anos. A depressão pode surgir a partir de outros quadros patológicos, como a esquizofrenia, alcoolismo, estresse pós-traumático, etc.
Identificar a depressão exige sensibilidade e respeito ao tratar do sentimento alheio. Pode-se observar alguns sintomas: alterações no humor (tristeza, irritabilidade), no campo cognitivo (diminuição na capacidade de pensar), no psicomotor e vegetativo (sono e apetite) e ainda a ausência do prazer. O depressivo geralmente apresenta uma grande ansiedade, medos sem razões aparentes, uma perda de motivação pelo trabalho, pela vida familiar e social, sentimento de culpa, fadiga, perda do interesse sexual. A depressão é mais freqüente nas mulheres e muitas vezes surge após um fator desencadeante: morte de familiar, sentimento de abandono, parto, intervenção cirúrgica. Mas atenção, ela pode surgir sem motivo aparente!
A depressão não se manifesta de uma forma igual em todos, pode aparecer em um episódio único, ou episódios repetidos, ausência de sintomas de humor e predominância de queixas físicas. Pode se apresentar de uma forma mais leve, moderada ou grave e algumas vezes com sintomas psicóticos como delírios e/ou alucinações.
Não podemos deixar de observar a existência de pensamentos suicidas. Muitos tornam-se tragédias porque o sofrimento psicológico é insuportável, e o que poderia ser evitado com o acompanhamento de um psiquiatra e/ou psicólogo, às vezes é agravado com a falta de compreensão da família e pessoas do círculo social, que por não perceberem que aquele sofrimento independe do querer, criticam e fecham os olhos para alguém que precisa de uma ajuda profissional e também de muito respeito. A depressão quando diagnosticada e tratada, pode servir para o indivíduo como um momento de crescimento, de auto-conhecimento. O sujeito começa a refletir sobre suas questões, seus pensamentos e sentimentos. Ato muitas vezes doloroso, mas importante para o desenvolvimento do ser humano.